O que aconteceu com o bom e velho Rock’n’Roll depois do advento da internet?
Estamos em 2016 e a tecnologia faz parte da nossa vida em geral. Usamos recursos naturalmente, como se eles já estivessem conosco desde sempre. É só entrar no Google e podemos aprender qualquer coisa que precisamos. Tudo ficou diferente do que era antes. E no caso do Rock, o que aconteceu depois da internet?
Na década de 1990 era uma verdadeira festa quando a gente conseguia um computador com 64mb de memória, HD de 20gb e leitor de disquete! Uma máquina incompatível para os dias atuais, claro, mas são quase 3 décadas de diferença! Os discos de vinil e as fitas cassete estavam perdendo popularidade para os CDs, ainda mais com o surgimento dos gravadores de mídia. Assim a troca de músicas ficou mais fácil dentro da tecnologia de computadores. Era fácil comprar uma mídia, pegar uns CDs emprestados e grava-los. Do mesmo modo tradicional que os vinis e fitas, mas com maior durabilidade e qualidade de áudio.
Mas eis que em 1999 começou a revolução, através da perspicácia de Shawn Fanning, que criou o Napster, o primeiro software para baixar músicas. Foram poucos meses que ele ficou no ar, pois nessa época já se discutia a pirataria na internet e inclusive algumas bandas, como o Metallica, abriram processos contra o Napster, o que levou o site a sair do ar. Legalmente falando, baixar músicas sem pagar é proibido, mas falando da parte divertida da coisa toda, pelo Napster dava para baixar aquelas músicas que a gente sempre quis ter e conhecer novas bandas também, pois o Napster apresentava novidades muito boas! E ninguém se importava em esperar até 1 hora para baixar uma música inteira! Depois tinha que gravar tudo em CD-R pois senão acabava com o espaço do HD…
Logo depois apareceram outras plataformas peer-to-peer, como WinMX, Kazaa, Share Aza, mas nenhuma com a repercussão do Napster. Pelo menos os downloads estavam garantidos, e a briga pelos direitos autorais continuava. Era comum usarmos o falido ICQ e o chat do UOL para conhecer novas pessoas, o que facilitava a troca de experiências musicais!
O desenvolvimento da internet era constante, com novas tecnologias, velocidades cada vez maiores e mais usuários. Os preços de computadores e de planos de internet foram se tornando cada vez mais acessíveis, criaram o Google, Orkut, MSN, Wikipédia, iPod e por aí vai. Tudo isso aproximava as pessoas, facilitava armazenar e ouvir músicas, conhecer novas bandas e até mesmo aprender a tocar instrumentos. Alguns sites até já ensinavam de graça! Era só ter internet, um instrumento e ser autodidata!
Algumas pessoas reclamavam que os CDs gravados perdiam a graça porque não tinham os encartes, mas como problema só é problema se não tiver solução, criaram vários sites para baixa-los! E a febre de CDs em mp3 com discografias inteiras que podiam ser comprados em qualquer camelô? Pirataria, mas…
O tempo passou, a internet se estabeleceu como o maior meio de comunicação e interação entre pessoas do mundo inteiro, e o Rock, que muitos diziam estar morto, ou pelo menos não ser mais o que era antigamente, numa forma de demonstrar o saudosismo por épocas passadas, na verdade passava por transformações, como sempre. Para mim foram duas situações diferentes trazidas pela internet que causaram uma nova evolução no Rock. A primeira e talvez a mais importante foi a facilidade em se ter contato com outras culturas. Os chats, Youtube, Wikipédia, redes sociais, Whatsapp e outras tecnologias tornaram esse contato muito mais fácil, de modo instantâneo, e com uma proximidade só possível anteriormente com viagens. Lembro de um amigo que na década de 80 escrevia cartas para consulados estrangeiros no Brasil para solicitar materiais impressos sobre os países. Era um jeito de ter esse contato, mas era muito passivo e fraco, não havia interação de verdade e muito mesmo a proximidade com a cultura, de forma viva e intensa. Já com a internet a história é outra. Hoje podemos conversar com alguém do Japão sem nem mesmo precisar saber a língua, pois temos recursos que traduzem o bate-papo instantaneamente. Agora imagine os músicos do Rock’n’Roll tendo esse contato cultural com o mundo todo, conhecendo variações musicais, novos instrumentos e técnicas e muito, muito mais! Essa mistura cultural, no âmbito do Rock, sempre foi bem legal, como no exemplo de David Byrne e Peter Gabriel, que rodaram o mundo atrás dessa miscigenação cultural para criarem novos recursos musicais. Já nos dias atuais vemos Eddie Veder, vocalista e guitarrista do Pearl Jam, criando músicas com ukulele, instrumento de cordas típico do Havaí.
Boa parte dessa mistura acaba acontecendo de forma mais sutil, talvez inconsciente, quando os músicos nem mesmo percebem que estão colocando essa influência de outras culturas em suas músicas, mas esse assunto é mais psicológico, então vamos passar para outra situação.
Quem queria ter uma banda até meados dos anos 90 tinha que dispor de uma grana boa para comprar instrumentos, aprender a tocar, ensaiar e gravar. O que a internet ajudou nesse sentido? Tudo! O Mercado Livre foi criado em 1999, depois dele vieram outros sites parecidos, como OLX, e comprar instrumentos bem mais baratos se tornou possível, ou seja, quem queria montar uma banda já encontrava uma facilidade. Hoje com apenas um clique num aplicativo de celular dá para comprar uma guitarra por preços muitos baixos! Para aprender a tocar ainda tem sites que ensinam (apesar de que um professor presencial é sempre melhor), e para os mais ligados em tecnologia, é só cada integrante da banda, de qualquer lugar do mundo, gravar suas faixas instrumentais no computador e enviar para um estúdio para fazer a mixagem. Pronto. Dá para ter uma banda com um vocalista da Rússia, um guitarrista do Chipre, um baixista do Marrocos e um percussionista da Jamaica! Simples assim.
Para as bandas, principalmente as iniciantes, tudo ficou mais barato, encontrar o melhor integrante ficou mais fácil e até divulgar suas músicas para o mundo ficou melhor, mais rápido. Algo como o que o Arctic Monkeys fez, começando sua carreira no Youtube e em poucos dias atingindo sucesso mundial.
Veja bem, isso tudo aconteceu em menos de duas décadas, e no começo da internet as tecnologias ainda não avançavam tão rápido no sentido de desenvolvimento. Mas agora em 2016, a coisa ficou mais rápida, aliás, muito mais rápida! Então só nos resta esperar para descobrir o que esses avanços trarão para o bom e velho Rock’n’Roll. Seja como for, ou o que for, de uma coisa eu tenho certeza: o Rock continuará sendo o melhor!
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